EM MACEIÓ: Comissão da OAB-AL não consegue resgatar cão que era mantido em cativeiro

Nesta quinta-feira (24), a Comissão de Bem Estar Animal da OAB-AL tentou resgatar um cachorro que estaria sendo mantido em situação de cativeiro desde março de 2020 pelo Hospital Veterinário do Trabalhador (HVT), em Maceió, para realizar doações de sangue. A denúncia foi feita por ex-funcionários do hospital.

Essa não foi a primeira tentativa de resgate do animal, que se chama Arthur. De acordo com Rosana Jambo, presidente da Comissão, a primeira tentativa aconteceu no último dia 9 de junho, porém ele não foi entregue.

Por meio de nota à imprensa, a clínica veterinária admitiu que fez “esporádicas doações sanguíneas, salvando a vida de alguns animais”, mas negou que o cachorro estivesse sido mantido em cativeiro. Disse que ele foi doado ao hospital, acolhido, que era bem tratado e recebia todos os cuidados necessários (leia na íntegra ao final do texto).

O HVT foi interditado pelo Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) no dia 6 de maio, após denúncias de mortes de animais no local. O proprietário, Jairo Miranda, foi indiciado e está proibido de exercer a medicina veterinária ou outra profissão que trabalhe com animais até a deliberação do conselho da categoria. Entre outras medidas cautelares, ele deve usar tornozeleira eletrônica.

Nesta segunda tentativa de resgate, o advogado do hospital prometeu entregar o animal na quarta-feira (23), mas avisou durante a noite que a antiga tutora, Adriana Kátia, pegou o animal de volta. Ela doou o animal para a clínica em 2020.

A presidente da Comissão tentou buscar o cachorro na casa da tutora, mas Adriana não aceitou entregá-lo. Rosana afirma que ela sabia sobre a situação do animal. “Ela diz que visitava ele todos os dias, que ele sempre tava muito bem, que o pelo dele tava bom, que o peso tava bom. Maus-tratos não é só peso, maus-tratos é como o animal vive, é claro que ele tem que estar com o peso bom se ele é usado para transfusão”.

Ainda de acordo com informações da Comissão da OAB, a antiga tutora é reincidente em situações de maus-tratos contra animais. “Ela hoje responde por maus-tratos, tanto ela quanto o HVT. Nós já tiramos 18 animais da casa dela”, afirma Rosana.

A reportagem não conseguiu contato com Adriana Kátia ou com sua defesa.

A primeira denúncia relacionada à situação do cachorro foi feita em março de 2020 por uma funcionária do estabelecimento. À época, houve apenas uma consulta ao HVT e a Comissão foi informada de que o animal não estava mais lá, que tinha sido adotado. Somente quando novas denúncias foram feitas neste ano, houve as tentativas de resgate.

Leia abaixo a íntegra da nota do HVT:

O animal foi doado por uma protetora de animais ao Dr Jairo devido a não adaptação onde se encontrava. O animal foi acolhido e recebeu todos os cuidados médicos. Seria um acolhimento temporário, contudo, devido à boa relação criada com a familia HVT, passou a servir de guarda para o Hospital.

Quanto à alegação de que o mesmo seria utilizado para transfusão de sangue, o Hospital esclarece que jamais se utilizaria do animal para essa exclusiva finalidade, contudo, informa que um cão pode doar sangue com intervalo de 2 a 3 meses, conforme estudo publicado em revista cientifical e que devido ao seu porte, idade e estado nutricional, foi possível realizar esporádicas doações sanguíneas, salvando a vida de alguns animais.

Quanto à alegação de que o animal vivia no porão do Hospital, o denunciado afirma que não procede, mas que o mesmo passou um curto periodo fazendo a guarda de materiais, porém, ressalta que o ambiente recebe iluminação e ventilação.

O Hospital destaca que a saúde do animal se encontra preservada, de maneira que o hemograma deste mês comprova a situação. Ademais, o animal possui cartão de vacinação atualizado.

Por fim, o Hospital esclarece que o canino foi devolvido a sua antiga protetora, não se encontrando no estabelecimento.

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