POLÍTICA: Renan Calheiros diz que grupo que aconselha Bolsonaro sobre a pandemia é o “ministério da doença”

A atuação de um grupo que aconselhava o presidente Jair Bolsonaro paralelamente ao Ministério da Saúde sobre como atuar no combate à pandemia é uma das linhas de investigação da CPI da Covid. Chamado de “ministério paralelo” por uns e “gabinete das sombras” por outros, o grupo, do qual faria parte um dos filhos do presidente, Carlos Bolsonaro, ganhará o nome de “ministério da doença”, a depender do relator do colegiado, senador Renan Calheiros (MDB-AL).

“Se de um lado havia o Ministério da Saúde, de outro tinha esse grupo que falava com o presidente, negociava paralelamente, decidia políticas públicas e estimulava aglomerações. Podemos chamá-lo de ‘ministério da doença’”, disse Renan.

Vereador pelo Rio e sem cargo no governo federal, Carlos Bolsonaro seria um integrante do grupo. Como revelou o gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, em depoimento à CPI na semana passada, Carlos participou de uma reunião capitaneada por Fábio Wajngarten, então na chefia da Secom, com a Pfizer em dezembro de 2020, dentro do Palácio do Planalto.

Também esteve no encontro Felipe Garcia Martins, da assessoria internacional da Presidência. Questionado sobre os participantes desta reunião um dia antes, Wajngarten havia dito não se lembrar.

Já foi apresentado na CPI, pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), requerimento para convocar Carlos Bolsonaro a prestar depoimento. O tema, contudo, divide os integrantes do chamado G7, grupo majoritário no colegiado. Alguns acreditam que o filho de Bolsonaro usaria a CPI de “palco” e não querem lhe dar esse cartaz – ao menos por enquanto. Renan desconversa. “Tem um pedido para convocar, vamos ver isso ainda”, afirmou.

Questionado sobre sua expectativa para os depoimentos deste semana, Renan disse que tratará “com calma e respeito” o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Mas espera que ele fale. “Ele esteve à frente do Ministério da Saúde na maior parte da pandemia. É a maior testemunha. Não vamos embaraçá-lo e o STF [Supremo Tribunal Federal] aclarou as coisas, ele não estará obrigado a falar algo que o incrimine. Mas dará sua contribuição”, espera.

O ex-ministro conseguiu habeas corpus para assegurar a ele o direito de permanecer em silêncio.

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