Nada de Braskem: Abalos sísmicos e falta de drenagem teriam “afundado” o Pinheiro

O relatório sobre o afundamento do bairro do Pinheiro, em Maceió, deve ser divulgado nesta terça-feira, 30. Mas enquanto o estudo não sai, especialistas tentam decifrar o que está acontecendo com o solo da região, que também abrange o Mutange e o Bebedouro.

Segundo o mestre de hidrologia do Cesmac, Ricardo Queiroz, uma falha na placa tectônica, identificada como “Lineamento BR 01”, entre os estados da Bahia, Sergipe e Alagoas, desde 1954 provoca uma onda de energia que causa abalos (tremores) em diversas cidades dos três estados.

À imprensa, o estudioso declarou que, a partir de 2016, os tremores se intensificaram e, em março do ano passado, chegou a 2,5 graus em Maceió, o que teria envergado alguns poços de extração de salmoura da mineradora Braskem.

“Defendo que está ocorrendo um lineamento e que esta é a origem dos problemas no Pinheiro. Nos últimos quatro anos esses abalos intensificaram em camadas muita profundas”, destacou. “O Pinheiro está se movimentando. Por conta da depressão na placa tetônica, existe uma bacia que sente os efeitos da depressão”.

E para Queiroz, que foi contratado pela empresa para fazer parte dos estudos, a solução para o Pinheiro é de engenharia. “É impedir que a água continue penetrando no solo do Pinheiro, onde há uma fenda. O local onde ocorre a penetração da água já foi identificado pelo SGB”, disse.

Estudo do Crea

Equipe de profissionais do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea-AL) realizou, na quinta-feira, 18, visita técnica nos locais afetados pelas rachaduras e crateras no bairro do Pinheiro. A ação do Conselho cumpre o acordo de cooperação técnica assinado entre os Ministérios Públicos Federal (MPF), Estadual (MPE), do Trabalho (MPT), Braskem e a Prefeitura de Maceió.

A averiguação ocorreu nos pontos mais críticos do bairro, entre as ruas Alameda São Benedito e Professor Mário Marroquim, onde se encontra a igreja Menino Jesus de Praga. O engenheiro responsável pelos trabalhos desenvolvidos no local, Rogério Bonfim, acompanhou a comitiva e atualizou-a sobre os estudos de inspeções na drenagem, que ocorrem desde o último dia 11.

De acordo com as pesquisas iniciais, já foi constatado que um dos maiores problemas do bairro é na drenagem. As galerias pluviais da região – até agora vistoriadas – estão comprometidas.

“Como a região mais afetada fica no ponto mais baixo do bairro, o volume de água das chuvas tende a escoar e se concentrar com intensidade ao redor dos conjuntos Divaldo Suruagy e Jardim das Acácias”, falou Rogério. A falta de manutenção periódica tem gerado infiltramentos da água no solo. Algo que é potencializado com os poços e fossas construídas pelos moradores.

“Temos aqui no bairro do Pinheiro uma bacia endorreica, que é um processo de percolação de água concentrada em um único local. Além disso, temos o sistema de drenagem danificado, onde nesta região o acúmulo de água vai seguindo seu fluxo natural, preenchendo espaços vazios. Somado a isso tudo, as fossas, construídas pelos moradores, potencializam essas falhas gerando assim o que estamos presenciando quando chove. Isso possibilita que a água chegue nesses vazios e se instalem, em alguns casos, até por debaixo das residências, fragilizando o solo”, afirmou o geólogo Wenner Gláucio, conselheiro do Crea e integrante da comissão instituída pelo Confea para acompanhar o caso.

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