Maurício Quintella foge de prestar depoimento à Polícia Federal

Do impresso – O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu aguardar um parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) para decidir sobre o pedido da defesa do presidente Michel Temer para que o ex-ministro dos Transportes e candidato ao Senado por Alagoas Maurício Quintella (PR) Lessa seja ouvido no âmbito do inquérito dos Portos pela Polícia Federal.

O inquérito apura as empresas que atu­am no Porto de Santos, como a Ro­dri­mar e o Grupo Libra, foram beneficiadas por medidas que atingiram o setor portuá­rio. Inicialmente, as investigações mi­ra­vam, além de Temer, Rodrigo Rocha Lou­res (MDB-PR), ex-assessor do presidente e ex­-deputado federal, Antônio Celso Gre­cco e Ricardo Conrado Mesquita, respectivamente, dono e diretor da Rodrimar.

Ao longo da apuração, entraram também na mira o amigo do presidente, João Ba­ptista Lima Filho, o coronel Lima, e exe­cutivos do Grupo Libra. Todos negam envolvimento em irregularidades.

Os advogados do presidente alegam que a proposta de ato normativo que resultou na edição do decreto foi submetida a Te­mer seguindo orientações do então mi­nis­tro da pasta, competente para elaborar os estudos de mérito.

“A oitiva do ex-ministro de Estado dos Transportes, Portos e Aviação Civil que subscreveu a exposição de motivos e en­viou à Casa Civil solicitando alterações no setor portuário pode ser essencial e in­dis­pensável ao processo de formação de juí­zo de convicção quanto à ocorrência ou não dos fatos objeto de apuração no curso do presente inquérito”, alegam os advogados Frederico Donati Barbosa e Brian Al­ves Prado.

De acordo com a defesa, o depoimento de Quintella e de Luiz Otávio de Oli­veira Campos, atual titular da Secretaria Na­cional de Portos do ministério, foi re­que­rido e agendado para os dias 18 e 19 de se­tembro. Os advogados afirmam, no en­tan­to, que apenas a oitiva de Oliveira Cam­pos foi realizada, não sendo ouvido, “por di­ficuldades de natureza pessoal”, o ex-ministro.

No documento, os advogados destacam ainda que a edição do decreto “não trou­xe qualquer vantagem à empresa Rodrimar”.

Corrupção ativa

A operação que levou à prisão o ex-as­sessor de Michel Temer José Yunes, o do­no da empresa Rodrimar, Antônio Cel­so Grecco, o ex-coronel da Polícia Militar de São Paulo João Batista Lima, o ex-presidente da Codesp, administradora do porto de Santos, Wagner Rossi e seu auxiliar Milton Ortolan, em março deste ano, é fruto do inquérito que investiga irregularidades no Decreto dos Portos, editado pelo presidente Michel Temer em 2017.

Yunes é amigo pessoal e ex-assessor es­pecial de Temer. Ele foi citado nas de­la­ções do operador Lucio Funaro e da Ode­bre­cht como intermediário de propinas des­tinadas ao PMDB. O próprio admitiu ter recebido R$ 1 milhão em seu escritório a pedido do ministro Eliseu Padilha. Se­gun­do Funaro, o dinheiro era propina da Ode­brecht para uso em caixa 2 e pertenceria a Temer.

Em maio do ano passado, o presidente Michel Temer modificou o decreto 8.033, criado em 2013 pela sua antecessora, Dilma Rousseff, para regulamentar a ex­ploração e instalação portuárias no país. Em setembro, o ministro do Supremo Tri­bu­nal Federal (STF) Luís Roberto Bar­ro­so decidiu pela abertura de inquérito contra o atual presidente por possíveis crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e cor­rupção passiva por conta destas mu­danças.

Também passaram a ser investigados o ex-deputado federal e ex-assessor de Te­mer Rodrigo Rocha Loures, além de An­tô­nio Celso Grecco e Ricardo Conrado Mes­qui­ta, respectivamente, dono e diretor da Ro­drimar, empresa que opera no Porto de Santos.

A necessidade de uma investigação so­bre a edição do Decreto dos Portos foi ini­cialmente apontada pelo então procura­dor-geral da República, Rodrigo Janot, em ju­nho do ano passado, quando a PGR en­v­i­­ou ao Tribunal a denúncia contra Temer. Analisando o que foi informado pela PGR, Barroso disse que havia “elementos suficientes para instauração e inquérito”.

Todo o caso aconteceu quando Maurício Quintella era ministro dos Transportes. Aliado de Temer, agora ele terá que defender o presidente em processo judicial.

 

 

 

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