Deputado federal teve candidatura indeferida; TRE chama Lessa de “vitimista”

O deputado federal Ronaldo Lessa (PDT) foi pego de surpresa nesta semana ao receber a notícia de que não poderá concorrer às eleições deste ano. A decisão de segunda-feira, 17, foi do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AL), que acatou a impugnação do Ministério Público Eleitoral. Lessa foi brecado pela Lei da Ficha Limpa por ser condenado por calúnia ao acusar o ex-governador Téo Vilela de ser responsável pelo arrombamento de seu comitê eleitoral, quando ambos disputavam o segundo turno da disputa pelo governo de Alagoas, em 2010.

Na terça-feira, 18, o parlamentar realizou uma coletiva de imprensa onde repudiou a decisão da Justiça Eleitoral. “Liberaram tudo nesse estado: assassino, ladrão. A justiça vai lá e solta. Agora querem dizer que não posso ser candidato por causa de um processo no TSE que não está concluído”, indagou. Lessa disse que continuará em campanha, promessa que cumpre, e que irá derrubar a decisão. Uma das alegações da defesa do deputado é que a relatora do processo Silvana Lessa Omena não poderia atuar no caso já que tem parente na disputa eleitoral, fato desmentido pela própria desembargadora.

Com passado complicado após críticas contra a Justiça Estadual, Lessa chegou a declarar que estava sendo vítima de vingança.  “Eles não querem que eu seja o deputado de defesa de Alagoas, mas vão ter que me engolir. Estava esperando inventarem qualquer coisa. Esse ano nem pensei em ser majoritário, e achei que iam amenizar para o meu lado, mas até em candidatura proporcional agem dessa forma”, afirmou. As críticas, durante coletiva, se estenderam ao cenário político nacional.

Lessa disse ainda que a sociedade “deixou de ter a ditadura da bota para ter a ditadura da toga”. “Estou sendo acusado de caluniar uma pessoa que já afirmou que não se sentiu ofendido”, finalizou. A decisão dos desembargadores ocorreu por cinco votos a um. Porém, todo o argumento de Lessa foi rebatido pelo próprio pleno do TRE-AL horas depois da coletiva de imprensa concedida pelo deputado federal. Os desembargadores não gostaram das críticas do parlamentar após o indeferimento de sua candidatura.

No pleno, o presidente do TRE-AL Jo­sé Carlos Malta Marques falou que o de­putado é conhecido “por falar o que quer”, que não iria curar essa doença do par­lamentar e que ele está sendo “vi­ti­mis­ta”. Em conversa com uma emissora de rá­dio de Alagoas, Malta Marques também comentou a reação de Lessa. O ma­gistrado classificou as afirmações como “destemperadas”. “Achei estranha a colocação feita por sua excelência, por ele ter estranhado [o indeferimento do registro] a ponto de provocar aquelas destemperadas declarações. Ele sabe como funciona todo o aparato eleitoral e sabe que todas as decisões são recorríveis”, disse.

Ele afirmou ter ficado surpreso diante das declarações dadas por Lessa. “Entendo de algum modo que a raiva de sua excelência tem origem no fato de a decisão não ter sido a que ele gostaria. Me surpreendi com o despreparo dele”. Malta Marques ainda continuou: “Tomei conhecimento [da situação] e estranhei, porque o conheço e, apesar de ser conhecido como uma pessoa temperamental, sua excelência é uma pessoa civilizada, com quem tenho um excelente relacionamento pessoal”.

 

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