Jornalista é processado após pedir para Rodrigo Cunha “tirar a máscara”

O jornalista Raudrin Lima está sendo acusado pelo deputado estadual e candidato ao Senado Rodrigo Cunha (PSDB) de promover campanha vexatória contra o político por meio de redes sociais. A defesa de Cunha anexou nos autos do processo diversos prints que “comprovariam” a atitude do jornalista.

A acusação foi rebatida com maestria por Lima, um dos proprietários do site O Fato. Nos bastidores da política sempre circulou o comentário que o deputado estadual usa a tragédia que aconteceu com sua família como forma para conseguir votos. O parlamentar usa e abusa de imagens da deputada federal Ceci Cunha, morta a tiros, para emocionar o eleitor.

Alguns jornais já externaram essa estratégia de Cunha, que aliado a imagem de bom moço, tem feito campanha prometendo ser o novo e a salvação da corrupta política alagoana. Segundo a legislação, os materiais compartilhados por Raudrin Lima são meramente opinativos e não difamatórios. Uma das imagens pede para que Rodrigo Cunha tire a máscara durante campanha para mostrar quem realmente é. Outra crítica é que Cunha faz acordos com políticos que diz tanto odiar.

“A liberdade de expressão é uma garantia da democracia”

Em sua defesa, o jornalista encaminhou à Justiça Eleitoral que o caso não passa de livre manifestação do eleitor, pautada na liberdade de expressão política. “Em última análise poderíamos afirmar que houve sim uma crítica ácida, dura mais dentro dos limites da liberdade expressão que o cidadão possui para realizar as críticas aos homens que se dispõem ao ônus público. E isso, nem de longe, é vedado pela legislação eleitoral vigente, pois, não houve nenhum fato sabidamente inverídico, nem tampouco utilizou desses fatos divulgados para degradar a imagem de outro candidato”.

Ele explicou que houve tão somente a exposição em suas redes sociais da sua opinião política a despeito do candidato sem que tenha gerado qualquer tipo de ofensa ou crítica direta a honra do candidato. “Todo homem público está sujeito a críticas, próprias da liberdade de expressão, de comunicação e de opinião, bem como que, pois, pessoas ocupantes de atividades públicas fazem jus à proteção à honra de forma atenuada e em menor latitude que as demais pessoas, pois estão mais sujeitas a um controle rígido da sociedade, pela natureza da atividade que livremente escolheram”.

Candidatos a cargos políticos e fi­guras políticas, quando decidem ingressar na vida pública, sabem de antemão que isso significa necessariamente a submissão ao escrutínio público. Assim, devem se sujeitar ao debate e as críticas a respeito de suas figuras, trajetória e da forma como exercem ou como exerceram seus cargos, sejam eles veiculados pelos meios de comunicação, pelos seus oponentes ou pelos próprios cidadãos.

“A liberdade de expressão não é garantia de Justiça, ela é uma garantia da democracia. Conviver com a liberdade de expressão pode significar ter de conviver com a crítica, muitas vezes ácida ou injusta, mas é o preço que se paga aqueles que se propõem ao ônus público, isso deve ser especialmente válido para os políticos e políticos em geral. Quem não gosta da crítica, não deve ir para o espaço público. É de se dizer que sempre que se fala em restrição à manifestação política individual se está diante de clara contenção à garantia constitucional fundamental que prestigia a liberdade de expressão”, rebateu o jornalista.

 

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