Consumidores estão contraindo mais dívidas para pagar orçamentos

O avanço do crédito entre as pessoas físicas tem sido festejado como um indicador de recuperação econômica, mas também é motivo de preocupação, já que os brasileiros estariam contraindo dívidas para pagar dívidas ou parcelar os gastos do dia a dia. Economistas dizem que a falta de consistência na recuperação do emprego e da renda, a pressão aumenta sobre os orçamentos das famílias.

Há indícios de que a intenção de compra passa a dar lugar a outros objetivos na retomada de endividamento das famílias. Normalmente os consumidores têm poupado recursos na tentativa de limpar o nome, liquidar dívidas mais caras e tentar ganhar fôlego no orçamento.

Os números do Banco Central (BC) sobre crédito bancário mostram que a taxa de endividamento das famílias, sem considerar o financiamento habitacional, teve comportamento decrescente ao longo de 2017. A partir de janeiro deste ano, porém, o indicador voltou a crescer todo mês e, em maio atingiu 23,3% da renda acumulada em 12 meses, maior patamar em 14 meses.

Apesar desse avanço do endividamento das pessoas físicas neste ano, a pesquisa mensal do comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que na comparação com o mês anterior, março registrou subida de 1%, enquanto abril teve crescimento de 0,7%, mas maio apresentou recuo de 0,6%, provavelmente impactado pela greve dos caminhoneiros.

Uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) ilustra o uso do crédito devido ao aperto financeiro. Segundo levantamento feito em julho, quase metade (46%) das pessoas que usaram cheque especial, uma das modalidades de empréstimos mais caras do mercado, nos últimos 12 meses utilizaram a linha todos os meses.

Entre as razões citadas, figuram quitar dívidas, cobrir gastos de emergência e amenizar o descontrole das contas. Outro levantamento do SPC revela ainda que 20% dos usuários enxergam o cartão de crédito como extensão da própria renda.

Com o mercado de trabalho refém do ambiente político, a fraca recuperação do emprego, concentrada em vagas informais, tem pesado cada vez mais na saúde financeira das famílias.

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