Collor é investigado por lavagem de dinheiro e organização criminosa

Apesar da Operação Lava-Jato está em alta no país, certo quarto andar da Justiça Federal de Brasília trabalha diariamente para investigar outras lavagens de dinheiro e organizações criminosas. Entre os processos que tramitam na 10.ª Vara Federal de Brasília estão nomes como do senador alagoano Fernando Collor.

Estão lá investigações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os ex-ministros Guido Mantega (PT) e Geddel Vieira Lima (PMDB), o ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o corretor Lúcio Funaro, apontado como operador do PMDB, além de empresários de J&F, Odebrecht, Bradesco, Gerdau e outras grandes empresas.

O juiz Vallisney de Souza Oliveira é o terceiro a assumir a vara, que tem no histórico o julgamento do empresário PC Farias, tesoureiro da campanha presidencial de Collor, a instrução de audiências do mensalão a pedido do Supremo Tribunal Federal e, agora, a condução de 34 operações – como a Zelotes, a Greenfield, Sépsis, Cui Bono? e partes da Lava Jato. Quem desce no 4.º andar da Justiça Federal e vira à direita encontra a antessala de Vallisney e do juiz-substituto, Ricardo Augusto Leite, repleta de criminalistas das maiores bancas aguardando um momento com os juízes.

Jefferson Carvalho Guedes, chefe de gabinete de Vallisney, que diz que em dias cheios o juiz recebe quase 20 advogados ligados aos casos de lavagem. Ele está na 10.ª Vara há quase 25 anos, tempo de sua criação. Desde a Zelotes, no entanto, sentiu a diferença no trabalho por causa da atuação da Polícia Federal e do Ministério Público com novos instrumentos de investigação.

Diretor de secretaria, Jânio dos Santos diz que a complexidade das operações policiais exigiu mudanças na distribuição de tarefas. “Também exigiu, pelo reduzido número de servidores disponíveis na secretaria (são dez para tudo), investimento na capacitação do quadro e a busca de servidores com perfil mais ajustado ao ritmo”, disse.

 

Collor na Lava-Jato

 

No mês de agosto deste ano, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o senador pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Com a decisão, Collor virou réu nas investigações da Operação Lava Jato.

A PGR acusa o parlamentar de receber R$ 29 milhões em propina pela suposta influência política na BR Distribuidora, empresa subsidiária da Petrobras. Segundo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, além de Collor, estão envolvidos no suposto esquema a mulher do senador, Caroline Collor, e mais seis acusados que atuavam como “operadores particulares” e “testas de ferro” no recebimento dos valores.

Os ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello seguiram o voto do relator, Edson Fachin. Sem entrar no mérito das acusações, que serão analisadas ao fim do processo, Fachin entendeu que a denúncia contém os indícios legais que autorizam a abertura de ação penal contra o senador.

A denúncia afirma que o senador comprou carros de luxo com o dinheiro da suposta propina. Entre os veículos estão um Lamborghini, avaliado em R$ 3,2 milhões, uma Ferrari (R$ 1,4 milhão), um Bentley e duas Land Rover. Em julho de 2015, os carros de luxo foram apreendidos na residência particular do senador em Brasília, conhecida como Casa da Dinda

 

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