Taturanas voltam a roubar dinheiro na Assembleia Legislativa

Taturanas voltam a roubar dinheiro na Assembleia Legislativa

Morosidade da Justiça faz com que deputados não se preocupem em lesar os cofres públicos

A Polícia Federal de Alagoas irá indiciar mais oito deputados estaduais e um ex-parlamentar por desvio de dinheiro público na ordem de R$ 15 milhões da Assembleia Legislativa.

São eles: Dudu Holanda, João Beltrão, Cícero Cavalcanti, Isnaldo Bulhões, Severino Pessoa, Olavo Calheiros, Edval Gaia, Marcos Barbosa, Marcelo Victor, Antonio Albuquerque e Cícero Ferro (ex-deputado).

A lista foi divulgada pelo noticiário ALTV 2ª edição, da TV Gazeta, nesta quinta, 26. A primeira indiciada foi a deputada Thaise Guedes, que teve que prestar depoimentos na quarta-feira, 25, na sede da Polícia Federal.

Os parlamentares foram investigados pela Operação Sururugate, deflagrada em março deste ano. Investigações apontaram que, somente entre 2010 e 2013, a Assembleia pagou cerca de R$ 15 milhões a indivíduos cadastrados em programas sociais do governo federal.

Realizada em parceria com o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União (CGU), a operação identificou falhas de controle na folha de pagamentos do órgão legislativo.

Entre as irregularidades estão a subdeclaração de informações da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS); acumulação ilegal de cargos e empregos públicos e benefícios sociais, previdenciários e da reforma agrária em desacordo com a lei; e pagamentos a servidores após registro de óbito no Sistema de Controle de Óbitos (SISOB).

SAIBA QUEM SÃO ELES

Muitos deputados já fizeram parte das investigações da Operação Taturana, de 2007, que identificou desvio milionário na ALE-AL. Já foram condenados: Arthur César Pereira de Lira (hoje deputado federal), Manoel Gomes de Barros Filho, Paulo Fernando dos Santos (Paulão), Maria José Pereira Viana, Celso Luiz Tenório Brandão (ex-prefeito de Canapi), João Beltrão Siqueira, Cícero Amélio da Silva, José Adalberto Cavalcante Silva e José Cícero de Almeida (ex-prefeito e atual deputado federal), além do Banco Rural.

 

DUDU HOLLANDA

Deputado é condenado por lesão corporal gravíssima

O deputado estadual Dudu Hollanda (PSD) foi condenado, em fevereiro do ano passado, por lesão corporal gravíssima a 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto, pelo Pleno do Tribunal de Justiça de Alagoas.

Por maioria dos votos, os desembargadores entenderam que ele é culpado pela agressão contra Paulo Corintho em 2009, quando os dois eram veradores por Maceió. A condenação não causa perda automática do mandato. Essa decisão fica por conta da Assembleia Legislativa (ALE).

O parlamentar foi a julgamento por arrancar parte da orelha de Corintho com uma mordida durante uma festa de confraternização. A ação impetrada pelo Ministério Público de Alagoas (MP-AL) chegou ao Pleno por causa do foro de prerrogativa legal, quando o Hollanda foi eleito para ocupar uma vaga no Legislativo estadual.

JOÃO BELTRÃO

Parlamentar coleciona suspeitas de mandar matar desafetos

O deputado João Beltrão foi inocentado da acusação de ter mandado executar o cabo da Polícia Militar José Gonçalves da Silva Filho, em maio de 1996. A decisão saiu neste mês. José Gonçalves era envolvido em crimes de pistolagem.

João Beltrão também é acusado de mandar executar Pedro Daniel de Oliveira Lins, o Pedrinho Arapiraca, morto com 15 tiros, em frente a um posto telefônico, em Taguatinga, no Tocantins, em 9 de julho de 2001. Outro homicídio atribuído ao deputado João Beltrão é do agricultor Paulo José Gonzaga dos Santos, em maio de 2000, na cidade de Santa Luzia do Paruá, no Maranhão.

CÍCERO CAVALCANTI

MPF investigou suspeitas de formação de quadrilha

O ex-prefeito de São Luiz do Quitunde e de Matriz do Camaragibe, agora deputado Cícero Cavalcanti, já foi acusado, de acordo com a apuração feita pelo Ministério Público Federal em Alagoas, de participar de uma organização criminosa, entre os anos de 2001 e 2005. A organização foi acusada de vários delitos e atos de improbidade administrativa. As acusações incluiram formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, fraude a licitações, apropriação indevida de verbas e bens públicos.

O MPF identificou – com base em relatórios de auditorias realizadas pela Controladoria Geral da União (CGU) – várias ocorrências e diversas infrações em, no mínimo, dez prefeituras alagoanas. As investigações resultaram na Operação Gabiru.

OLAVO CALHEIROS

Irmão de senador é acusado de grilagem de terras

Em 2007, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e o deputado federal Olavo Calheiros (PMDB-AL) são acusados de grilagem de terras. A denúncia foi feita ao Ministério Público Federal por Antônio Gomes de Vasconcelos, que afirma estar sendo ameaçado pelos parlamentares, de quem é primo.

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, Olavo também é acusado pelo técnico agrícola Genival Mendes de Melo de ter se apropriado ilegalmente de terras que lhe pertenceriam. Os dois casos foram remetidos ao procurador geral da República, Antonio Fernando de Souza, que decidirá se abre investigação.

Em Alagoas, a Corregedoria da Justiça do Estado decretou intervenção no cartório de registro de imóveis de Murici (AL), terra natal dos Calheiros, por suspeita de participação em grilagem.

MARCOS BARBOSA

Presidente do CRB já foi indiciado por homicídio

No ano de 2014, o Ministério Público do Estado de Alagoas (MP-AL) solicitou ao secretário de Estado da Defesa Social, Diógenes Tenório, a abertura de inquéritos policiais contra o deputado estadual e presidente do CRB Marcos Barbosa (PPS). De acordo com o MP, Elizeu de Oliveira Barbosa Filho, conhecido como Junior Barbosa, preso suspeito de envolvimento em um suposto grupo de extermínio, acusou o parlamentar de ser o mandante dos homicídios praticados pelo grupo e de envolvimento com o tráfico de drogas.

Anos antes, 2006, o delegado Arnaldo Soares de Carvalho encaminhou ao Tribunal de Justiça (TJ) inquérito policial que investigou a morte do cabo eleitoral e líder comunitário Baré-Cola, ocorrido em 14 de janeiro deste ano em um campo de futebol, no Conjunto Joaquim Leão.

À época, Marcos Barbosa foi indiciado como autor intelectual do assassinato que teve, segundo o inquérito, motivação política pelo fato de Baré-cola ter feito, a princípio, um acordo com o deputado Marcos Barbosa e depois desistir do trabalho de cabo eleitoral por causa do não pagamento do valor acordado.

MARCELO VICTOR

Polícia Civil investigou compra de votos nas eleições de 2016

Uma operação realizada pela Polícia Civil em parceria com a Polícia Militar, em 2016, cumpriu cinco mandados de busca e apreensão expedidos pela 15ª Zona Eleitoral em Rio Largo. As denúncias davam conta que a coligação do então candidato a prefeito Marcelo Victor (PSD) estaria realizando a compra de votos na região.

De acordo com o delegado Manoel Acácio, titular da delegacia da cidade, os mandados foram cumpridos na sede do comitê do candidato em endereços de pessoas ligadas à campanha e na chácara pertencente à vice-prefeita de Marcelo Victor, Fátima Correia.

Em 2011, o deputado indiciado pela Polícia Federal (PF). Ele era investigado por um suposto esquema de compra de votos na cidade de Ibateguara, Zona da Mata Alagoana.

ANTONIO ALBUQUERQUE

Deputado chegou a ser algemado durante Operação Taturana

Considerado um dos líderes da organização criminosa (ORCRIM) que desviou R$ 300 milhões da folha de pagamento da Assembleia Legislativa. No ano passado, o Núcleo de Improbidade Administrativa e Crimes contra a Administração Pública, do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL), determinou o bloqueio de bens do deputado estadual. Albuquerque e outros deputados estaduais em 2006 são acusados de pagar 24 empréstimos realizados, no valor de R$ 2,7 milhões cada, utilizando verba de gabinete da Assembleia Legislativa (ALE).

Antônio Albuquerque foi preso e algemado pela PF, em 2007, durante a Operação Taturana e até hoje vem driblando a Justiça de Alagoas para escapar de condenação. Sua ficha corrida não é nada desprezível. São imputados ao deputado crimes que vão de formação de quadrilha, peculato, abuso de poder, lavagem de dinheiro, crime contra o sistema financeiro e corrupção eleitoral.

EDVAL GAIA

Mais um taturana que ajudou a saquear os cofres da ALE-AL

Natural de Palmeira dos Índios, está em seu terceiro mandato consecutivo. Foi diretor administrativo da Ceal (hoje Eletrobrás Alagoas) e vice-prefeito de Palmeira dos Índios. Taturana, que junto a outros deputados, é acusado de participar dos desvios de mais de R$ 300 milhões da Assembleia Legislativa. Segundo as investigações, os acusados contraíram empréstimos pessoais fraudulentos junto ao Banco Rural S/A, que eram pagos com cheques da ALE.

THAISE GUEDES

Parlamentar é indiciada 25 vezes por peculato

A deputada estadual Thaise Guedes (PMDB) prestou depoimento na sede da Polícia Federal de Alagoas, no bairro do Jaraguá, nessa quarta-feira (25), para prestar esclarecimentos sobre um possível esquema de desvio de verba pública da Assembleia Legislativa do Estado (ALE) entre os anos de 2010 e 2013.

Ela foi indiciada 25 vezes pelo mesmo crime: peculato. O delegado Bernardo Gonçalves, superintendente da PF em Alagoas, explicou durante entrevista a uma emissora de TV que foram encontradas ligações entre o gabinete da deputada e servidores “fantasmas”, que receberam indevidamente valores que somam R$ 220 mil durante o período investigado.

A servidora que recebeu indevidamente R$ 140 mil informou à PF que não teve acesso ao dinheiro e que, antes do período indicado, entregou documentos para a deputada com o objetivo de que ela distribuísse currículos no comércio.

CÍCERO FERRO

Político teria participado do assassinato de ex-vereador

O ex-deputado estadual Cícero Ferro foi preso, em 2009, sob a acusação de homicídio e formação de quadrilha. Segundo informações da Polícia Civil, Ferro foi acusado de participação no assassinato do ex-vereador Fernando Aldo.

Ferro teria participado de homicídio qualificado e formação de quadrilha. À época, ele já havia sido detido outras vezes pela acusação de homicídio.

 

ISNALDO BULHÕES

MP Eleitoral identificou fraude durante campanha

O deputado estadual Isnaldo Bulhões foi denunciado pelo Ministé­rio Público Eleitoral pelo crime eleitoral, mas es­pecificamente transporte ilegal de eleitores, du­rante as eleições de 2010. Segundo os autos, Isnal­do Bulhões, então concor­rente a reeleição, teria sido beneficiado com o transporte gratuito de eleitores no dia das eleições (em 2010) com a finalidade de obter votos.

Além dele, foram denuncia­dos pelo Ministério Público Eleitoral, o ex-secretário municipal de Transporte do município de Jacaré dos Homens, Renivaldo Cam­pos Ferreira, e Genivaldo dos Santos Marques. Renivaldo Campos teria contratado Ge­nivaldo dos Santos Marques para realizar o transporte dos eleitores.

SEVERINO PESSOA

Deputado usou veículos do PAC em propriedade particular

 

O Ministério Público Estadual (MPE-AL) flagrou neste mês veículos do PAC 2 trabalhando em terreno do deputado Severino Pessoa. Os funcionários do parlamentar ainda esconderam a retroescavadeira, mas os registros fotográficos evidenciaram o fato. Os promotores Napoleão Amaral e Adivaldo Barbosa estiveram no local, onde constataram a irregularidade.

 

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