A tentativa de homicídio envolvendo o oficial de justiça de Alagoas Robert Manso na última terça-feira (19), no bairro de Santa Amélia, em Maceió, expôs a situação vivida pelos servidores que nem recebem adicional de periculosidade devido a atividade que exercem.
O presidente do Sindicato dos Oficiais de Justiça de Alagoas (Sindojus/AL), Cícero Pereira Filho, informou que está acompanhando o caso e que a Polícia Civil já delegou uma comissão para apurar os fatos. Ele ainda disse que as ameaças aos profissionais são frequentes e que dezenas delas são registradas por mês e muitas nem chegam ao conhecimento da polícia judiciária.
Robert é lotado na Vara Agrária e, como rotina, faz diligências para reintegração de posse, uma das situações bem delicadas e que geram grandes conflitos. Em casos assim, é exigida, sempre, a presença da Polícia Militar. Além da área em que mora ser rodeada por criminosos.
“A movimentação de policiais na sua residência é grande, porque vão buscá-lo e trazê-lo. Isso chama a atenção da vizinhança”, disse o presidente.
Cícero ainda explica que as funções do oficial de justiça vão além do que as pessoas imaginam. “Temos que cumprir prisões, reintegração de posse, despejo. Imagine como o oficial fica visado”, destacou.
Cícero lembrou que os servidores não recebem adicional pela periculosidade da função. “Quando não acontece algo no momento do cumprimento, ocorrer depois, com perseguição e ameaças, pois estamos na linha de frente, e não em gabinetes como servidores administrativos”.
De acordo com o sindicato, Alagoas é um dos poucos estados em que os oficiais de justiça não recebem adicional pelo risco que correm. “Até para cursos de defesa pessoal ou para aqueles que possuem posse de arma são impossíveis, pois não temos recursos para isso”.
O presidente do sindicato se reuniu com o presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, Otávio Leão Praxedes, nesta sexta-feira (22). “Ele garantiu que adotará todas as providências necessárias, e determinou ao chefe de segurança institucional do Tribunal que entrasse em contato com o Secretário de Segurança Pública do Estado, assim que tomou conhecimento do fato”.
ENTENDA O CASO
Na abordagem, ainda levou um golpe com a pistola que era segurada por um dos criminosos
Oficial sofre agressão na porta de casa
Robert Manso foi abordado por dois criminosos armados, onde um deles usava máscara, ainda na porta de casa, sendo agredido e ameaçado de morte. Em relato à polícia a vítima disse que só não foi assassinado porque conseguiu se esquivar dos bandidos ao atirar em direção a eles.
O oficial que sofreu a agressão relatou que estava à porta de casa, por volta das 6h30, quando percebeu a aproximação de dois suspeitos, sendo um deles mascarados. Na abordagem, ainda levou um golpe com a pistola que era segurada por um dos criminosos. Conseguiu correr até o interior da residência, pegou a própria arma e só se esquivou quando atirou em direção à dupla.
Nenhum pertence foi levado do imóvel. Robert estava com a mulher no instante em que o episódio aconteceu.
O oficial tem mais de duas décadas de atuação e o sindicato cobra providências na apuração do fato e que os criminosos sejam identificados e presos.
