PERGUNTAR NÃO OFENDE: “Rui é o símbolo da elite alagoana”, diz Paulão

O deputado federal Paulão (PT) enfrentou o jornalista Cícero Filho no programa Perguntar Não Ofende, exibido pela TV Maceió Agora. Em meio às perguntas polêmicas, o parlamentar falou sobre a situação de descrédito do partido, além de uma possível parceria com o senador Renan Calheiros. Confira trechos do bate-papo.

 

Hoje, pesa sobre o governo Temer uma série de escândalos. Mas, diferentemente de 2014, a sociedade emudeceu. Por que esse silêncio?

Vivenciamos um momento em que uma parcela significativa da sociedade não está indo às ruas porque tem uma posição de luta de classe em relação a um período que o Partido dos Trabalhadores (PT), com o Lula e a Dilma, fez modificações no campo social em políticas que mexeram com segmentos, principalmente, com a classe média. Esse preconceito é muito forte. O chavão principal para que os coxi­nhas fosse para às ruas era o combate à corrupção. E agora? Esse processo é devido uma luta de classe e preconceito. Mesmo no auge no segundo governo, a esquerda nunca ganhou no primeiro turno. Isso mostra o conservadorismo de parte da sociedade.

 

Está cada vez mais difícil identificar um político pela questão ideológica. Quem é a esquerda nos dias de hoje?

Vários partidos são rotulados como esquerda pelo lado positivo, como o PT, PC do B e Psol. Já também temos a centro-esquerda, a exemplo do PSB, PDT e a própria Rede. Mas, o que nos diferencia. Quem tem formação de esquerda e centro-esquerda são políticos com visão social. Compreendem que o Estado é  indutor da economia e social. É por isso que é importante políticas públicas. Quanto menos número de políticas públicas, melhor para a visão liberal.

 

O PT é o partido mais corrupto do Brasil?

Não considero isso. Inclusive é um mantra que foi repetido várias vezes até acharem que é verdade. Quando nós discutimos a democratização dos meios de comunicação, queremos, na verdade, o projeto da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). O fator fundante desse projeto é: se você é dono de rádio, não pode ser de TV. Se é de TV não pode ser de jornal. É só isso. O Lula, no primeiro governo, não fez esse enfrentamento. Era o momento de atingir a Globo que estava com uma dívida imensa na Previdência e no Imposto de Renda. A Globo, sempre na história do Brasil, quando passamos por alguma crise, é um dos vetores principais na desestabilização da política.

 

Caso Lula não possa ser candidato, em 2018, qual seria o plano B da sigla?

Não quero discutir o plano B, porque assim, a gente esvazia o projeto. Nosso plano A, B e C é Lula. E a cada pesquisa, os números aumentam. A sociedade está compreendendo que de tanto rotularem o PT de petralha, na verdade, havia um fundo maquiavélico em tudo isso. Quando Temer assumiu, vimos que em um período curto fez várias maldades, entre elas, a Reforma Trabalhista e o desmonte de políticas sociais. Sem contar que quer vender a Amazônia de qualquer gente. Temer só tinha um objetivo: o golpe. A população está percebendo todo esse saco de maldade. Lula foi condenado pelo Moro, que aos poucos se revela quem realmente é com o tempo.

 

Como você avalia a gestão do tucano Rui Palmeira, prefeito de Maceió?

Péssima e a sociedade compreende esse processo. Hoje, possivelmente nem seria eleito. Rui Palmeira é fruto de um segmento elitizado, que tem o controle de mão de ferro desde a história de Alagoas, criada por grandes fazendeiros, no ponto de vista político, formada pela direita. É muito difícil fazer o debate da esquerda no estado. Palmeira é a jovem elite. Só vermos a situação da saúde pública em Maceió. A qualidade da educação caiu. Hoje, tem dificuldades até na merenda escolar. Rui é o símbolo da elite alagoana. Consegui recursos para a Praça da Juventude, o que estão parados por falta de iniciativa do prefeito. Em compensação, qualquer buraco na rua, vemos operação, pardais, fiscalização. O que é válido, mas a qualidade de vida deve ser igual a toda população.

 

Para garantir sua reeleição irá se aliar a Renan Calheiros?

Sou candidato a deputado federal. Dificuldades em eleição existem. Em relação à aliança, nós fazemos com o partido e não com uma pessoa. O PT poderá fazer aliança com o PMDB, ou não. O PT apoiou o governo de Renan Filho, mas saiu do governo. Mas, todo o motivador foi nacional. Claro que esperávamos uma posição diferenciada de Renan Calheiros, que foi a favor do impeachment. Mas, a saída do PMDB do governo foi diplomática. Calheiros foi favorável ao golpe, porém começa a ser oposição a Temer votando contra a Reforma Política e fazendo declarações. A discussão da aliança compete à direção estadual do partido.

 

Em meio à crise, qual seria a saída da esquerda para sair vitoriosa?

A saída é Lula, a nossa alternativa. Temos outras candidaturas, que respeito muito, como Ciro Gomes, mas sem grandes números. A saída para a esquerda e a classe trabalhadora é o ex-presidente Lula.

Botão Voltar ao topo