Adversários políticos usam “Maria da Penha” para desmoralizar prefeito

O prefeito do município de Mari­bon­do, na região central de Alagoas, foi preso, no dia 28 de junho, por violência doméstica. Leopoldo Cesar Amorim Pedrosa, o Leopoldo Pedrosa (PRB), foi enquadrado na Lei Maria da Penha. Segundo a vítima, ex-esposa Meiry Emanuella, Pedrosa teria a agredido, além da ex-sogra.

Porém, cresce a desconfiança e in­ci­dên­cias de que o escândalo político não pas­sa de um golpe para afastar o prefeito do Executivo. De acordo com laudo do Ins­tituto Médico Legal de Alagoas (IML) as­sinado pelo médico-legista Sérgio Ma­ri­nho de Gusmão, o prefeito preso apresen­ta­va “lesões de defesa no antebraço esquerdo de 3 cm, além de ferimento contunden­te em mucosa labial inferior e superior”.

De acordo com divulgado na imprensa, os advogados do prefeito informaram que as escoriações que a ex-esposa apresentou eram frutos da violência usada para tentar destruir o carro de Pedrosa e, em seguida, agredi-lo, fazendo uso de uma barra de ferro, conforme ela mesmo confessou no processo.

Com a notícia, a cidade ficou revoltada. Manifestantes pediam a volta do gestor para a cidade, que atualmente é governada pelo vice-prefeito, Sérgio Marques. Com todo o tumulto, Maribondo vive momentos de incertezas. Isso porque muita gente está convencida que Pedrosa sofreu um golpe, que é tão comum na política brasileira.

E quem estaria se beneficiando com a saída do prefeito? Seria o deputado estadual Dudu Holanda, novo namorado da suposta vítima de agressão, Meiry Emanuella. Informantes do A Notícia enviaram à redação detalhes de como se encontra a equipe de secretários de Maribondo. As Secretarias de Saúde e Cultura estão nas mãos de primos do deputado estadual: Wilson Sérgio Tenório Macedo e Humberto Lopes de Oliveira.

O restante virou cabide de emprego para a família do prefeito em exercício. Um primo ganhou a Secretaria de Administração (Ayslan Barbosa) e a esposa de Sérgio Marques assumiu a Secretaria de Assistência Social (Gabriella Rodrigues). Na pasta de Infraestrutura, quem manda é o tio do atual prefeito, Edinor Marques.

PASSADO

Giovanna Tenório foi assassinada a sangue frio; Ex-mulher de prefeito teve que ir aos tribunais

Meiry Emanuella depôs à Justiça sobre homicídio de universitária

Giovanna Tenório desapareceu no dia 2 de junho de 2011, por volta do meio-dia, quando saiu do Cesmac em direção ao restaurante Salude, na Rua Tomás Espíndola. De acordo com o perito da época, João Gardino, do Instituto de Criminalística (IC), a vítima sofreu tortura antes de ser assassinada.

Ela apresentava equimoses em partes do corpo, ou seja, foi es­pan­cada. A jovem foi morta por es­tran­gulamento, com uma corda de nái­lon que ainda estava em seu pes­co­ço quando o corpo foi encontrado. Para a perícia, Giovanna foi as­sassinada por mais de uma pessoa.

Quando foi encontrado por trabalhadores rurais – que avisaram a polícia –, o corpo estava enrolado em um lençol e uma toalha. Pelo estado de decomposição, ela deve ter sido morta no mesmo dia em que desapareceu.

Em 2015, o desembargador Otávio Leão Praxedes, do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL) revogou a medida cautelar que determinava o monitoramento eletrônico de Mirella Granconato Ricciardi, suspeita da morte da universitária.

Mirella teria descoberto um caso entre o marido dela e a universitária. Durante audiência do caso, a acusada de ser autora intelectual do crime confessou diante do juiz da 7ª Vara Criminal, Maurício Brêda, que enviou mensagens para o celular da estudante de Fisioterapia entre os dias 27 a 30 de setembro de 2010.

Além de Mirella, foram ouvidos dois amigos de Giovanna, mor­ta em junho de 2011, considerados tes­temunhas importantes no pro­cesso e que não teriam sido ouvidos pela Justiça. Na audiência, Mirella configurada tanto pelo próprio juiz quanto pelo promotor Flávio Gomes da Costa como uma pessoa fria, segura, calculista e sem choro.

Segundo Mirella, ela mandava as mensagens porque queria o respeito de Giovanna por Toni Bandeira ser casado e pai de filhos. Ela também confessou ter brigado por duas vezes com a vítima, embora diga que não sabia que seu marido e Giovanna tivessem algum envolvimento.

“Só vi Giovanna duas vezes. Uma na boate Le Hotel e outra na piscina de um clube em Rio Largo. Quando fui tomar satisfação com ele por estar com duas mulheres na boate, não sabia que Giovanna era alguma coisa dele. Ela foi se intrometer em briga de casal e entramos em vias de fato”, disse. “Todas as vezes que Gio­van­na e Toni se encontravam eu ficava sa­bendo pela amiga dela chamada Mei­ry Emanuella Vasconcelos. Ela era quem ligava pra dizer. Em se­tem­bro, eu me separei do Toni, mas não foi por causa da Gio­van­na”, alegou Mirella.

O promotor de acusação, Flá­vio Gomes da Costa, leu as mensa­gens que constam nos autos para Mi­rella, que ficou exaltada várias vezes ao ponto do juiz intervir e pedir para que a acusada se reportasse ao promotor como ‘senhor’ e não ‘você’. “Se ponha no meu lugar, qual é a mulher que vai aceitar isso”, chegou a sugerir a acusada ao promotor, embora tenha dito que Giovanna foi “a que menos deu trabalho” no sentido dos adultérios do marido.

A acusada chegou a enviar pa­ra a vítima mensagens do tipo: “Aten­da, não vai doer nada! Ainda o mal você vai ver, não o meu, o seu”. “Hoje eu vou à sua casa, nem que seja para te pegar dentro de ca­sa”. “Se meteu porque quis agora aguen­te”. “Quem procura acha e vo­cê me achou”. “Porque ele [To­ni] não está nem ai para o que vai acon­tecer”. “Não tem no mundo que me faça esquecer o que me fez pas­sar”. “Você vai ser a última puta da vida dele”.

Mirella também se passava por Toni, segundo ela, na intenção de ela retornar a ligação. “Fisio­terapia é? Vou lá”.

HOMICÍDIO

Acusada de assassinato e Meiry Emanuella se confrontaram em júri

A acusada disse que uma pessoa teria oferecido a irmã dela suporte para que ela fugisse de Alagoas. “Não sei por qual motivo essa pessoa, que é conhecida, teria oferecido suporte para eu fugir do Estado, mas eu afirmei que não iria porque sou inocente”, frisou Mirella.

O depoimento de Mirella foi confrontado com o de Meiry Emanuella Vasconcelos, conhecida como Manu. Pela primeira vez depois do crime, as duas ficaram frente a frente. Durante cerca de dez minutos de acareação, uma desdizia a outra. “Nunca estive com amigos na casa de Mirella como ela disse, nunca falei com Mirella”, alegou Manu. Já Mirella disse que era tudo mentira de Meiry Emanuella e que a quebra de sigilo telefônico iria dizer a verdade.

O amigo de Giovanna, Leonardo Correia da Silva, foi o primeiro a ser ouvido na audiência. Ele detalhou como conheceu Giovanna e o que ela confidenciava no período em que cursavam Fisioterapia, desde 2007.

“Giovanna era uma pessoa tranquila e não tinha nenhum envolvimento com drogas. Ela sempre me ajudou e a gente fazia muita coisa juntos. Ela era muito ingênua, católica e fazia parte do coral da igreja Nossa Senhora do Carmo, no Poço”, informou.

“Ela [Giovanna] me contou que conheceu Toni por meio de Meiry Emanuella e que ele se apresentou como separado, mas que Mirella não aceitava a separação”, emendou.

Leonardo também relatou as agressões sofridas por Giovanna no Le Hotel e num clube de Rio Largo. “Ela me disse das agressões e me mostrou os hematomas no braço e testa, Ela também chegou a me mostrar algumas mensagens de Mirella enviadas para seu celular, inclusive se passando por Toni”.

“Giovanna chegou me dizendo que Mirella era agressiva e chegou a partir para cima até de sua sogra”, revelou Leonardo. “Ela disse que Toni era usuário de cocaína e que queria tirar ele dessa vida por meio da igreja com a palavra de Deus”.

 Uso de drogas

Em seu depoimento, Leonardo enfatizou que Giovanna não era usuária, mas que certa vez teria pedido drogas a um traficante em nome de Meiry Emanuella que não teria pago e o traficante começou a cobrá-la. “O valor seria de R$ 150, que Giovanna teria pago e não recebido o dinheiro de Meiry. Depois disso ela se afastou de Meiry. Ela relatou que por duas vezes se sentiu perseguida na saída da faculdade e que uma vez um homem negro e bem feio lhe ofereceu uma carona, mas ela recusou. Na outra ela sentiu que estava sendo perseguida e apressou os passos”, contou.

Meiry Emanuella teria dito que Giovanna era sim usuária de drogas e, nas baladas, utilizava loló e cocaína. “Ela também bebia e, algumas vezes, ficava bêbada. Ela também tratava muito mal a mãe dela, todos lá no prédio sabiam. Eu moro no térreo e a família dela no 2º andar”.

 

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