ENTREVISTA: “Nada me impede de disputar o Senado”, diz Ronaldo Lessa

O deputado federal é o terceiro entrevistado do programa “Perguntar não ofende”. Confira trechos do que rolou no bate-papo

 

Em sua opinião, dos três Poderes, qual o mais corrupto?

Há poderes que ficam mais expostos, como o Poder Político. Mas quando falo dele, a visão da sociedade foca mais no Legislativo do que no próprio Executivo, quando na verdade, não dá pra você fazer uma avaliação. Mas, nos outros Poderes também, a gente sabe na prática, inclusive, que tem casos que vem a público em menor quantidade do que os políticos. Até porque o político é quem administra e está mais exposto.  Por razões, hoje a sociedade discrimina mais. Até os outros Poderes jogam na sociedade uma visão deformada da Poder Político, porque é muito mais amplo. Todos os poderes são corruptos, inclusive o Judiciário, mas a gente não tem essa visão porque ele tem o poder de julgar. Mas é difícil. A corrupção existe e que cada Poder deveria fazer um trabalho profundo de minimizar isso. Às vezes, a própria constituição das instituições, o modo de agir, facilita isso, quer dizer, abre porta para isso. O Poder Político está mais exposto porque se digladiam e os outros poderes se acomodam. Todo mundo tem que trabalhar, o mundo moderno exige e isso não é de agora.  Precisamos lutar porque honestidade não é qualidade, é obrigação.

 

O senhor foi vereador por Maceió, deputado estadual, prefeito e governador por duas vezes e hoje é deputado federal. Tem sabidamente uma vasta experiência política. Existe a possibilidade de um embate político, em 2018, entre o prefeito Rui Palmeira e o governador Renan Filho visando o Governo do Estado. Em sua opinião, qual dos dois está mais bem preparado para assumir do Governo em 2019?

É difícil você dizer isso, porque você já está qualificando os dois. São jovens, o governador tenho um ganho porque já está dentro do Governo, então ele tem essa vantagem em relação ao Rui. O prefeito está no segundo mandato e é uma grande cidade. Eu acho que os dois são pessoas habilitadas, um tem qualidade de um lado, o outro tem do outro.

 

O senhor tem preferência política para algum dos dois assumir em 2019?

Eu posso ter pessoal, eu Ronaldo Lessa. Mas, sou o presidente do PDT, sou o coordenador da bancada e sou vice-presidente do partido no Nordeste. Não é justo neste instante, eu não contribuo para Alagoas se eu tomar alguma decisão. Se eu disser que tal candidato está mais preparado, eu não tenho o poder pelas mi­nhas mãos, da sociedade e do seguimento que represento. Eu tenho a minha preferência, mas na política, nem sempre, você faz a sua preferência, às vezes, você não pode fazê-la por alguma razão. Mas acho que devo responder essa pergunta num momento mais apropriado. Agora, eu não vou responder isso.

 

 

Os que conhecem sua trajetória política sabem que você é um vitorioso em campanhas inimagináveis. Foi assim nas conquistas para a Prefeitura de Maceió e depois para o Governo de Alagoas. O que te impede de buscar o seu sonho para o Senado?

Hoje nada impede. Primeiro eu quero cautela. O primeiro obstáculo que tenho tido é de convencer o meu partido de que eu não devo ser candidato ao Governo. O PDT quer  que eu seja o candidato a governador para ter um palanque para o Ciro. Eles colocam essa como prioridade maior, tanto que eles disseram: você recebeu um convite para participar do Governo do Estado e não foi. Eu tenho insistido que não quero ser candidato, teria que ser uma coisa absolutamente forte para me convencer disso. Mas como senador eu coloco como hipótese. Mas a primeira de todas elas é pra deputado federal porque eu acho que é uma eleição mais tranquila. Creio que todos sabem que não tenho muitos recursos, minha campanha é muito simples, muito pobre, tenho ganhado pelo meu passado, pela minha vida. As pessoas admiram o que eu fiz, ou não, porque também tem gente que não gosta. Eu acho que o Senado é mais difícil, deputado federal são nove vagas, senador dois e governador uma.

 

Independentemente da conjuntura política, dentro do seu íntimo, para qual vaga o senhor queria concorrer?

Senador. Porque eu não fui. Fui vereador uma vez, deputado estadual uma vez, prefeito uma vez, governador fui duas. Foi o segundo mandato que me fez fazer o aeroporto, que me fez fazer o Centro de Convenções, fiz o Palácio, o Ceasa, muitas estradas. Quer dizer, os meus primeiros quatro anos foram para organizar o Estado. O segundo foi de realizações, porque eu já tinha uma condição melhor de oferecer tudo isso. Sou deputado federal, uma experiência nova. Qual não tenho? De senador da República.

 

Por que tanto mistério para anunciar seu retorno ao Governo de Renan Filho?

Não é mistério nenhum. É porque tudo na vida tem começo meio e fim, a gente tem que ter compromissos. No primeiro momento, a presidência do PDT nacional pediu que não fossemos ao Governo, porque caiu a Dilma, entrou o Temer. Renan, presidente do Senado, eram todos aliados, a situação não favorecia. O Renan, agora, é oposição, bate nas reformas, o governador também. O partido então disse que poderia participar do governo, desde que não tomasse nenhuma decisão sobre o futuro. Não é mistério, tanto que na reunião passada, decidimos esperar pelas reformas políticas.

 

O senhor ficou conhecido por va­lorizar o servidor público. Hoje, faz parte de uma gestão bastante criticada pelos servidores. Isso lhe incomoda e o que o prefeito deve fazer para reconquistar os servidores?

Incomoda-me. Eu gostaria efetivamente que tivessem uma boa relação. O Estado brasileiro vem um tempo sendo deteriorado e eles colocam a culpa de tudo no servidor público, como se fosse o vilão. E a gente tem inúmeros casos para justificar as duas coisas. Você tem caso de funcionário inadimplente que não quer trabalhar, não quer nada com a vida.  Quando era governador tentei valorizar, criei uma escola para ele ter a oportunidade de crescer, criamos os planos de carreira, fizemos depois subsídio, para valorizar porque ele é o agente. Tem funções que jamais podem ser terceirizadas e quando terceiriza demais, erra. Porque quem atende um acidentado, quem faz a merenda, quem ensina  É o servidor. Já pensou se va­lorizássemos os professores como de­veríamos. Foi quem ensinou a todo mundo, o político, o engenheiro, o médico, todos passaram por ele. As revoluções no mundo foram feitas através da Educação. Minha visão é essa.

 

Parece que os governos tucanos tem dificuldade em lhe dar com o servidor?

Tem. Eu tenho dito isso. Sempre que tenho a oportunidade de conversar com o Rui, e até com o governador, converso sobre isso. Fiquei feliz quando ele disse que não iria mais privatizar a Casal. Pedi para valorizar a Serveal, a DER. Eu tenho feito isso e espero que eles vejam que o servidor é quem materializa as ideias do político. Talvez faltasse uma trajetória como a minha, já que vim do movimento estudantil. Minha vida foi na luta dos movimentos sociais. Mas, eles vão melhorar, tanto um como o outro, independente do lado que vou ficar. Importa que são dois jovens que vão atuar no futuro do estado.

 

Qual a sua avalição do governo Temer? Ele é um golpista?

Se fosse só um golpista. É muito pior do que isso. Ele está desnacionalizando o país. Ele abriu reservas naturais para exploradores estrangeiros. Ele está liberando para os Estados Unidos realizarem treinamento do Exercito na Amazônia, ele tá acabando com a Petrobras, uma dilapidação com a corrupção, agora estão abrindo o pré-sal e facilitando para as empresas estrangeiras entrarem, destruindo o fraco parque industrial da gente. Abriu concorrência para a Petrobras sem permitir que empresa brasileira participasse. A reforma trabalhista foi para o capital e não para o trabalhador.  Ele é um tampão que nem deveria tá ali. O problema é que ele tá fazendo uma política de cova rasa e agora vender a Eletrobras. A energia elétrica é vital, questão de segurança nacional. É absolutamente inconsequente, que ele caia e ou saía rápido antes que prejudique mais.

 

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