TJ paga retroativo a juízes e ignora direitos de servidores

Na semana passada, o Tribunal de Jus­tiça do Estado de Alagoas (TJ-AL) pa­gou valores de até R$ 28 mil aos ma­gis­tra­dos referentes a retroativos de auxílio-ali­mentação. Do outro lado, servidores amar­gam a espera e negociam sua data-ba­se que deveria ter sido implantada em ja­neiro deste ano.

A discussão entre os magistrados e os servidores está também ligada aos re­tro­ativos. A lei que rege os servidores do Ju­diciário determina que a data-base deve ser retroativa a janeiro de cada ano. En­tre­tanto, o TJ propôs que desses 6,29%, ape­nas 3,15% seriam aplicados em ja­nei­ro, e os outros 3,14% sejam implantados em dezembro sem qualquer retroativo, sob à justificativa de falta de orçamento pa­ra o pagamento.

A diretora de mobilização do Sin­di­ca­to dos Servidores do Poder Judiciário de Alagoas, Ana Paula Araújo, ex­­plicou que a categoria não abre mão do retroativo.

“Entendemos que isso prejudica o trabalhador e os servidores têm esse direito de receber o retroativo. Os demais va­lores, nós concordamos, porque são baseados nos cálculos inflacionários, mas o restante não”, disse.

Ela ainda relatou que todos os anos, a presidência espera o Executivo para conceder a data-base do Judiciário, aguardando o orçamento do Estado. “Nos outros anos, as contas públicas eram aprovadas com atraso, sendo arrastadas até o mês de maio, mas as de 2017 foram tramitadas e sancionadas em dezembro passado”.

ana-paula-jtAna Paula lembra a crise financeira vivida pelo país e pelos órgãos públicos, mas colocou que os direitos assegurados não podem ser retirados do orçamento.

“Em nenhuma gestão do Tribunal o servidor foi prioridade. E notamos que a culpa não é somente da presidência, mas da cúpula como todo, que pressiona por todos os lados”, relatou.

Sobre essa discussão, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) está editando resolução em que passivos devidos a servidores e magistrados não podem ser pagos administrativamente, mas tão somente por precatório, motivo que ensejou esse pagamento feito para os juízes semana passada.

A presidência do TJ retirou da pauta de votação do Pleno, na última terça-feira (18), o anteprojeto de lei referente à Data-base 2017 dos servidores. O próprio sindicato pediu a retirada de pauta para que fosse aprofundada a discussão, já que a categoria recusou a proposta feita pelo Tribunal de pagar metade da Data-base em duas parcelas, sendo a segunda em dezembro, sem retroativo.

O projeto volta ao plenário na próxima terça-feira (24) e contará com a presença da categoria.

Questionados sobre essa situação, a presidência do Poder Judiciário, por meio de seu Departamento de Comunicação, enviou a seguinte nota:

 

RESPOSTA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ALAGOAS

 

Em resposta à indagação formulada por este jornal, a Presidência do Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas tem a informar que faz substancioso levantamento dos passivos financeiros devidos tanto a Magistrados como a Servidores, cujas verbas já reconhecidas legalmente pelo Conselho Nacional de Justiça – CNJ e Tribunais Superiores (STJ e STF).

Todos os pagamentos efetuados são devidamente antecedidos do devido processo administrativo e da submissão última ao Plenário desta Corte, de sorte que as medidas são colegiadas.

No que toca à matéria, tem-se que retificar o in­for­me, pois houve distorção no espectro de valores infor­ma­do como pago aos Magistrados, porquanto varia­ram, diante da circunstância pessoal do tempo de ser­vi­ço, abrangendo valores de R$ 28.285,95 a R$ 2.075,64.

Outrossim, os pagamentos foram feitos igualmente aos servidores deste sodalício, bem como todos os pleitos administrativos em decorrência do antigo PCCS. Resta definição orçamentária quanto às progressões e à data base, medidas que estão em fase de discussão plenária, como tem sido a praxe da atual gestão. Por sinal, a implementação carece ainda do devido processo legislativo inaugurador da implantação dos retroativos.

Desse modo, o saneamento dos passivos encontra contingências orçamentárias, e, diante disso, o CNJ sugeriu a adoção de pagamento isonômico entre Magistrados e Servidores em percentuais equivalentes, o que tem sido feito pela atual gestão.

No que se entende por pertinente aos pedidos formulados, restamos disponíveis para eventuais esclarecimentos.

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