Rui Palmeira despreza vereadores que o ajudaram a se reeleger

A antecipação do palanque montado pelo prefeito Rui Palmeira rumo ao Palácio República dos Palmares gerou-lhe um desgaste gigantesco na Câmara Municipal. Rui já afirmou que “2018 só será pensado em 2018”, mas os vereadores entendem diferente. Para eles, o prefeito está se articulando para a campanha.

Há poucos dias, a Câmara aprovou, a pedido de Rui Palmeira, um Projeto de Lei do Executivo, que suprimiu o Parágrafo Único do Artigo 82 da Lei Orgânica do Município que limitava em 50% o número de cargos comissionados na Prefeitura, comparando-se ao número de servidores efetivos.

Desta forma, a Câmara deixou o prefeito à vontade para inchar a máquina administrativa. Havia a expectativa de os vereadores também serem contemplados com estes cargos, mas, pelo andar da carruagem, as intenções do prefeito seriam outras.

O entendimento dos vereadores é o de que Rui está prestigiando deputados federais, em detrimento do apoio aos seus aliados na campanha para prefeito, como forma de garantir aliados para a disputa em 2018. O fato de decidir “governar por decreto” também não agrada à base aliada.

“O prefeito precisa entender que, em primeiro lugar, os vereadores da sua base aliada também tiveram dificuldades na campanha por conta de definir de qual lado ficar. No caso, no lado dele. Já que herdamos o ônus, nada mais justo que tenhamos direito ao bônus”, comentou um vereador que pediu para não ser identificado.

RATEIO DAS SECRETARIAS

O vereador disse ainda que, da forma como Rui Palmeira rateou as secretarias para deputados federais e seus novos aliados, não restou espaço para eles. O “espaço” a que o vereador ouvido em “off” pela reportagem se refere à abertura de cargos para pessoas ligadas aos vereadores eleitos que apoiaram Rui Palmeira na campanha eleitoral passada.

Conforme o vereador, o deputado federal Ronaldo Lessa (PDT) está com as Secretarias do Trabalho e Abastecimento e de Esportes. Thomaz Nonô (DEM) ficou com a Secretaria Municipal de Saúde. “O Nonô não abre espaço para nenhum vereador. A não ser que seja aliado dele, já que ele vai disputar um cargo eletivo no próximo ano”, comentou o vereador.

A Secretaria de Infraestrutura e a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) estariam na cota do deputado federal Maurício Quintella (PR), no exercício do cargo de ministro dos Transportes. Dois gestores destas pastas sairiam candidatos a deputado estadual dessas pastas. Uma delas seria Ib Brêda, vereador eleito mas que está no exercício do cargo de secretário municipal de Infraestrutura.

O vice-prefeito Marcelo Palmeira – que pode ir para a disputa a deputado estadual, dependendo da decisão de Rui Palmeira para o Governo – não larga a Secretaria Municipal de Esportes.
“Sobrou a Secretaria de Educação, mas, a maioria do pessoal é concursado e não há como um vereador entrar ali”, disse a fonte. Sobre as outras secretarias, o vereador disse que não há interesse. “Se os deputados federais não querem, a gente também não quer”, comentou.

Nessa preferência pelos deputados federais e novos “aliados fortes”, Rui Palmeira estaria deixando de fora antigos parceiros na Câmara. “Se isso está acontecendo com os vereadores antigos, o que será dos novos?”, questionou o vereador.

ZONA AZUL: O NÓ

Na semana passada, os vereadores reclamaram do fato de Rui Palmeira querer governar por decreto, sem ouvi-los. O nó da questão foi a Zona Azul que ele instalou no Stella Maris. Os vereadores receberam centenas de reclamações e pressionaram o prefeito a ouvi-los, antes de tomar este tipo de atitude. Por recomendação do Ministério Público de Contas (MPC), a Prefeitura desistiu – por enquanto – da Zona Azul naquela região.

Após ouvir os seus “articuladores políticos”, Rui enviou à Câmara para apreciação, o Projeto de Lei que institui o “Domingo é Meia”. Essa foi uma das principais bandeiras da campanha política que lhe rendeu o segundo mandato. A perspectiva é de que esse projeto passe mais tempo do que o habitual para ser aprovado na Câmara. Isso é essencial para que a Prefeitura de Maceió encontre uma forma de custear essa meia passagem. Dois lados já disseram que não podem fazer isso: os empresários do setor de transportes urbanos por ônibus e a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT).

Botão Voltar ao topo