Prefeita e vice chegaram a pagar R$ 500 por voto, diz denúncia

Está tramitando na Justiça Eleitoral uma Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) de número 3-45.2017.06.02.0017 contra a prefeita Emanuella Corado Acioli de Moura (PSDB), e a vice, Lívia Carla da Silva Alves, do município de Barra de Santo Antônio, no litoral Norte de Alagoas. Ação movida pela coligação partidária “Compromisso com o povo” relata, com requintes de detalhes, como era operacionalizado o sistema de compra de votos para então candidata.

Segundo a AIME, Emanuella e Lívia teriam se valido da prática de corrupção de eleitores para atingir a primeira colocação no pleito, o que acarretou com o desequilíbrio da disputa eleitoral contra seu adversário, Carlos Alexandre e seu então vice, Tadeu Cavalcante. Caso seja condenada pela Justiça Eleitoral, a chapa eleita é cassada, pois a utilização de captação ilícita de sufrágio, conforme previsto no artigo 41 da LE, destaca a clara finalidade de corromper o eleitor para o êxito nas urnas.

Um dos casos que ganhou notoriedade pública na cidade e foi juntado ao processo foram as prisões em flagrante de José Geraldo Rocha Peixoto, José Hildo da Silva, Layane Maria Victor, Jakeline Ferreira da Costa e Maria José da Silva Modesto.  O grupo estava com R$ 4.150,00 e folhas de papeis com anotações contendo dados eleitorais, cópias de documentos de identificação, Cadastros de Pessoas Físicas (CPFs), comprovantes de residência, gravador de voz e diversos santinhos das candidatas ao executivo: Emanuela Moura e Lívia Alves.

 

INVESTIGAÇÃO

Duas mulheres foram presas acusadas de comprarem votos para a prefeita Emanuella Corado

“Ajudantes” receberiam comissão por cada voto conquistado

 

emanuelleApós a prisão, Jakeline Ferreira da Costa e Maria José da Silva Modesto, acompanhadas de seus advogados, prestaram declarações no Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic/AL), assegurando que “iam pegar dinheiro pela venda de seus votos e passar uma lista de eleitores para a mesma finalidade”.

O depoimento revela que cada uma recebeu R$ 500,00 para votar na prefeita eleita e entregar lista com nomes de mais eleitores. Consta ainda um acordo que envolveria o montante de R$ 1.300,00 para que as presas em flagrante gravassem uma reunião de Carlos Alexandre com seus correligionários.

No relato no Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic/AL), as presas colocaram que foram elas que produziram a lista de eleitores e que cada um receberia R$ 250,00 por voto. Foi acrescentado que elas receberam a importância maior por serem ditas “lideranças”. A Aime enfatiza que “a captação ilícita de sufrágio e abuso de poder político-econômico realizado em favor das candidatas traz a certeza do cometimento de crimes”.

Um dos principais indícios da ligação estreita entre Emanuella Corado Acioli de Moura e seu grupo político com as pessoas presas é que José Geraldo Rocha Peixoto foi indicado no dia 19 de dezembro de 2016 como secretário da gestão da prefeita eleita.  Através da sua rede social, Emanuella disse: “fico feliz em anunciar o futuro secretário de obras infraestrutura, Geraldo Rocha. Por onde passou colheu experiências proveitosas para que possamos ser aplicadas a partir de janeiro em nossa cidade […]”.

No dia 8 de fevereiro o juiz da 17ª Vara Zona Eleitoral, Wilamo de Omena Lopes, designou audiência para oitiva das testemunhas arroladas pelo impugnante para o próximo dia 17 de maio. O caso segue correndo e a população da Barra de Santo Antônio e os lesados no processo eleitoral aguardam que a justiça seja feita.

Emanuella Corado Acioli de Moura é casada com o ex-prefeito da Paripueira e ex-presidente da Associação dos Municípios Alagoanos, Abraão Moura, conhecido publicamente pelo seu trânsito político. Para se ter um parâmetro, Abrão Moura exerce forte influência na gestão do prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), onde tem seu irmão, Antônio Moura, como gestor da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT).

Outra prefeitura, além de Maceió de Barra de Santo Antônio, que Abrão Moura possui bom relacionamento é Paripueira, onde o atual mandatário é do seu grupo político, Haroldo Nascimento (PSDB).

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